As eleições do DCE da UFPI: Entre o Parlamentarismo Estudantil e a Autonomia Combativa

Comunicado do Comitê de Propaganda da RECC no Piauí
Teresina, 31 de Maio de 2017. Leia também no facebook ou baixe aqui

Se aproxima mais uma eleição do DCE da UFPI de Teresina. Panfletos coloridos, adesivos, cumprimentos pelos corredores, convites para bares e festas, passagens em sala... Nesse período, todos são simpáticos. Todos querem que os estudantes participem. Mas se olharmos para o passado, veremos várias traições desses grupos contra os estudantes. Isso não ocorre por acaso, e faz parte de uma política de contenção e domesticação da fúria estudantil nas universidades de todo o país. As eleições da UFPI precisam ser analisadas criticamente para não cairmos intepretações simplistas, que não ajudam e só iludem os estudantes. Para isso, veremos a origem, composição, métodos e práticas de cada chapa dessas eleições.

Chapa 01, Endireita UFPI: Formada por estudantes do bloco da reação (liberais e conservadores), tem sua origem no movimento contra a luta autônoma e combativa por direitos estudantis na UFPI. Usam um frágil discurso "anti-partidário" e falsamente independente, já que a chapa é formada por vários apoiadores do candidato Jair Bolsonaro, do Partido Social Cristão (PSC). Defendem propostas vagas e meramente estéticas, que não podem ser realizadas. Concordam com os ataques dos governos contra povo, como a reforma trabalhista e da previdência, que tanto prejudicarão os estudantes.

Chapa 2, Coragem para mudar: Formada pela União da Juventude Socialista (UJS, do PCdoB), a chapa se apresenta como defensora do das lutas dos estudantes. Mas na prática, a UJS manteve apoio incondicional ao governo do Partido dos Trabalhadores (PT), defendendo diversos ataques contra os estudantes, como a reforma universitária 2009, os megaeventos que benefciaram somente as grandes empresas, os cortes de mais de 10 bilhões de reais na educação entre 2014 e 2015, tudo isso em troca de verbas para a União Nacional dos Estudantes (UNE), da qual a UJS é direção a mais de 20 anos. Usando o Movimento Estudantil, projetou vereadores para o PCdoB em Teresina e controlou o DCE da UFPI por diversos anos, tentando impedir de todas as formas o avanço da auto-organização estudantil na Universidade.

Chapa 3, Lutar e mudar as coisas me interessa mais: A chapa que melhor explica o parlamentarismo estudantil e o coleguismo, outro grande problema do Movimento Estudantil. Formada pela UJR, do PCR; o RUA, do PSOL; e o MAIS, um racha do PSTU. Essas organizações criticam-se entre si pelos corredores da Universidade, mas para a disputa de DCE, DAs, ou CAs, não hesitam em rebaixar seus programas para fazer “alianças táticas”. A experiência histórica do DCE da UFPI mostra que esses "blocões" se dissolvem pouco tempo depois das eleições, e das chapas com 20, 40 pessoas, sobram 5 para a gestão.

Passadas as eleições, os panfletos não vão mais circular, os adesivos sumirão, as reuniões cessarão, e todos voltarão aos seus grupos, brigando entre si novamente e acusando um ao outro pelos corredores da UFPI. Reaparecerão quando as campanhas presidenciais iniciarem, para que seus candidatos sejam os novos carrascos do povo e possam gerir a crise brasileira.

DESTRUIR O PARLAMENTARISMO ESTUDANTIL! CONSTRUIR O MOVIMENTO ESTUDANTIL CLASSISTA, COMBATIVO E INDEPENDENTE!

As chapas, por mais que variem de discursos ou propostas, estão unidas pela prática do parlamentarismo estudantil, sejam progressistas ou reacionários. O parlamentarismo estudantil é uma estratégia dos grupos ligados a partidos eleitoreiros no movimento estudantil. Tratam como ponto principal as eleições para entidades, assim como seus partidos veem como mais importante ganhar as eleições. Percebemos isso pelo esforço feito pelas chapas em chamar os estudantes para o voto, o que não é feito com tanta frequência fora das eleições.
A realidade é que assim como as eleições para presidente ou prefeito, a vitória de um ou outro não signifca aumento da combatividade das bases, nem mesmo a garantia dos direitos estudantis. Esses grupos aplicam uma prática política limitada entre os estudantes, realizando atos sem resultados e servindo para projetarem futuros candidatos a vereadores, prefeitos, governadores, etc. Assim, fca claro que eles veem o movimento estudantil como um mero trampolim político eleitoral.

Não aceitamos que o movimento estudantil se limite às eleições de entidades. E essa resistência não se dá só em palavras. A RECC desde o seu surgimento mostrou que o parlamentarismo estudantil é fruto da política dependente aplicada pelos partidos eleitoreiros. Vendo isso, buscamos todo o tempo municiar politicamente e organizar os estudantes contra nossos carrascos. Esse trabalho não é feito por nós só em tempos de eleição, mas constantemente.

Mostramos que a saída para isso é a criação de coletivos de curso e oposições por local de estudo, que garantam a participação das bases, a formação política dos estudantes, e reivindicações mais sólidas frente a diretorias, reitorias e governos. Estes coletivos e oposições são independentes e sem hierarquias, articulados nacionalmente dentro da RECC, existindo em quase todo território nacional e impulsionando diversas lutas, como contra a LGBTfobia, por creches, passe livre estudantil, melhores condições da estrutura das universidades, e na defesa incondicional das classes trabalhadoras. Nosso posicionamento de firme combate faz com que essas organizações criem boatos contra nós, o que não nos intimida nem mesmo nos faz recuar.

Não temos nenhuma esperança em qualquer uma das chapas. Essa postura é conjuntural, pois sabemos que nenhuma chapa dessa eleição fará uma política combativa em defesa dos estudantes. Acreditamos porém na capacidade política dos estudantes independentes e combativos, até mesmo os que, sendo minoria, compõem a chapa 2 e 3, e que historicamente vem se posicionando contra a tutela no movimento estudantil, e construindo campos autônomos de resistência contra os ataques de diretorias, reitorias, governos e empresas. Existe "vida" além das eleições para o DCE da UFPI, e seguiremos frmes em defesa da causa do povo, construindo uma real alternativa dentro movimento estudantil piauiense e brasileiro.


SEPULTAR O PARLAMENTARISMO ESTUDANTIL!
CONSTRUIR A ALTERNATIVA CLASSISTA E COMBATIVA!
IR AO COMBATE SEM TEMER, OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER!

Ciclo de Estudos Políticos e Sociais (Parnaíba)

O Comitê de Propaganda da RECC no Piauí convida todas e todos para o Ciclo de Estudos Políticos e Sociais. Queremos preparar teoricamente os estudantes, para que possam interpretar e transformar coletivamente a realidade. Primeiro, estudaremos o Capitalismo e a Luta de Classes. Usaremos textos iniciais de autores clássicos, tendo também um cine-debate.  O grupo terá 15 vagas, e as inscrições podem ser feitas através deste formulário


CRONOGRAMA DE ATIVIDADES:
Os textos podem ser baixados clicando em seus nomes.

I Encontro (17.06, Sábado, 09h - Parnaíba).
Cine-debate: Da Servidão Moderna

II Encontro (24.06, Sábado, 09h - Parnaíba).
Explorados e Exploradores (Marta Harnecker). 

III Encontro (01.07, Sábado, 09h - Parnaíba).
O Sistema Capitalista (Mikhail Bakunin)


IV Encontro (08.07, Sábado, 09h - Parnaíba).
Burgueses e proletários (Karl Marx & Friedrich Engels)


Minha saída da UJS/PCdoB para construir a RECC no Piauí.



Em meados de 2016, ao iniciar minhas aulas na UFPI – Campus Parnaíba, pude estar participando ativamente do que acontecia com a sociedade brasileira, tanto mentalmente (através de busca de informações), quanto fisicamente (participando de ações). Nesse mesmo período, houve um certo alvoroço para a reestruturação de uma corrente do movimento estudantil chamada UJS (União da Juventude Socialista, do PCdoB) em Parnaíba. A princípio, vi como uma oportunidade para poder unir forças com outras pessoas, com os mesmos objetivos que os meus, para assim podermos pensar e agir juntos. Durante minha participação, aceitei ser Vice-Presidente da organização na cidade. Como muita coisa, o começo foi intenso. Me fez realmente pensar que poderíamos mudar algo, fortalecido com o congresso estadual da organização em Teresina. Porém, fogo em palha acaba rápido, e com a UJS – Parnaíba, não foi diferente.

As "ações" não passavam de ideias discutidas num grupo de WhatsApp que cada vez mais caía em esquecimento. E em um momento do qual não me recordo, por inatividade, silenciei o grupo no aplicativo. Cansei.

Enquanto muita coisa acontecia no Brasil, os únicos movimentos que via eram aqueles que poderiam de alguma maneira, trazer visibilidade. Mídia. Mas enquanto isso, a favela continua a sangrar.

Tempo após tempo, me vi cada vez mais desanimado. Em um dado momento, resolvi me afastar de tudo. Mas voltei às atividade com alguns alunos na UFPI, com ações que tinham como foco somente o campus dentro do "Movimento Resistência". Após alguns meses, ver as siglas RECC/FOB era cada vez mais recorrente, e a curiosidade sobre a organização aumentava. O contato inicial não foi muito convidativo, por conta da desconfiança dos membros do Comitê de Propaganda da RECC no Piauí, gerada por minha intenção de participar das atividades da organização sendo ainda membro da UJS/PCdoB. Mas, resolvido esse contratempo, pude começar o processo de ingresso no CP/RECC-PI.

O que mais me chamava atenção, era o foco: A base. Os estudantes. Os trabalhadores. Afinal, quem é que realmente leva esse país nas costas? Esse, para mim, foi o maior diferencial. Outras pautas defendidas, eram não só de meu conhecimento como mais importante, de minha concordância, o que mostrava que muitos pontos em comum começavam a se unir. O processo de ingresso foi demorado por diversos contratempos, entre o trabalho e o estudo.

Ao final de todo o processo, a conclusão não poderia ser outra:

Digo aqui que me declaro fora da organização estudantil intitulada por União da Juventude Socialista (UJS/PCdoB), para poder construir a RECC no Piauí, e assim, juntos, possamos lutar por aqueles que fazem parte de nós.

Nasci na base, na base me criei e por ela lutarei!

Camarada P.

Por que não gritamos "Diretas Já"

Comunicado do Comitê de Propaganda da RECC no Piauí. Veja também no facebook

O caos parlamentar avança no país. Fica cada vez mais difícil diferenciar a prática dos partidos eleitoreiros.  Enquanto o circo de delações, prisões e acusações avança, nosso real inimigo, as reformas sociais e econômicas -o Ajuste Fiscal- continua intocável.

A realidade mostra a cada dia que quem manda no país não são os políticos, e muito menos o povo, mas sim as grandes empresas (Odebrecht, OAS, JBS, etc). Isso não acontece por acaso. Significa que o voto e as eleições são uma enorme mentira, que por ela só se elegem testas de ferro para empresários. Mostra também que não importa quem esteja na presidência, o governo terá que continuar as reformas, exigência dos patrões brasileiros e estrangeiros.

Não gritamos "Fora Temer", e nem gritaremos "Diretas Já" ou "Eleições Gerais" por isso. Acreditamos que essas campanhas são meramente estéticas, seja na prática festiva e burocrática das manifestações, ou nos poucos resultados. Elas foram criadas e defendidas por partidos eleitoreiros, como PT, PCdoB, PSOL, PSTU, etc., e suas organizações sindicais e estudantis, como UJS, UNE, UBES, RUA, ANEL, CUT, CTB, CSP-Conlutas etc. A intenção é simplesmente colocar os seus políticos no poder, como se isso fosse frear as reformas.

Essas campanhas, para nós, apontam a verdade sobre os partidos eleitoreiros e suas organizações sindicais e estudantis: querem somente as eleições, os cargos, o controle ilusório da burocracia. Assim, jogam fora uma rara oportunidade de destruir de forma efetiva o Ajuste Fiscal.

Continuaremos a defender o combate às reformas, pois entendemos que todos os políticos podem cair, mas ela se manterá de pé, e só nossa força unida poderá derrubá-la.  Essas reformas não são monstros distantes de nós. São os cortes de verba em nossas universidades e escolas. É o transporte e a saúde ruins. É o desemprego, ou empregos sem garantias de direitos básicos, como carteira assinada, férias e salário mínimo. É a repressão que avança em direção aos que lutam contra tudo o que está posto. 

Temer vai continuar presidente? Não sabemos. Sabemos que qualquer um que vier, dará continuidade o Ajuste Fiscal. Não podemos nos iludir ou iludir outros estudantes e trabalhadores.  Não podemos defender campanhas que tem por fim meras eleições presidenciais. Não podemos trocar o alvo correto por espantalhos e discursos fáceis. O nosso futuro está em jogo, e já é tempo de se fazer uma luta classista, combativa e independente fora dos limites das eleições.



CONTRA O AJUSTE FISCAL, CONSTRUIR A GREVE GERAL!
IR AO COMBATE SEM TEMER! OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER!

Atividade do CP/RECC-PI em Teresina



A crise mundial do capital e a austeridade aplicada contra a classe trabalhadora são ataques que influenciam na construção social do processo de saúde e adoecimento. Diante disso, realizaremos um debate sobre os danos da reforma da previdência na saúde pública e na saúde do trabalhador.
O evento vai acontecer dia 26 de Maio, sexta-feira, 16h, no espaço Carretel da Comunicação Social (UFPI-Teresina), e será mediado pelo Comitê de Propaganda da RECC e do FOB no Piauí.

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COMO A REFORMA DA PREVIDÊNCIA AFETA SUA SAÚDE
26 de Maio (sexta), 16h - Espaço Carretel (UFPI-Teresina).
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CONTRA O AJUSTE FISCAL, CONSTRUIR A GREVE GERAL!
IR AO COMBATE SEM TEMER, OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER!

Evento no facebook aqui