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1. Desde os anos 90, e mais intensamente, nos governos Lula-Dilma/PT (2003/2016), cresceu o número de universidades particulares no país. Isto se deve, principalmente, aos pesados investimentos que o governo deu aos empresários donos de universidades particulares, com, por exemplo, a continuação do FIES, proposto por FHC e a criação do PROUNI, ao passo em que realiza medidas prejudiciais no setor público. Trata-se de um movimento coordenado: Ao invés de priorizar a melhoria do ensino médio, facilitando o acesso e permanência ao ensino universitário público, o governo optou por precarizar o setor público e subsidiar as pagas.
2. Assim, dada as péssimas qualidades do ensino médio público, e a desigual concorrência para o ENEM, trabalhadores e trabalhadoras na procura de pequenas melhorias salariais através de um curso superior, ou filhos da classe trabalhadora que buscam qualificação para o mercado de trabalho, ingressam nas universidades pagas, que recebem um número gigantesco de alunos, proporcional ao financiamento dado pelo Estado.
3. Estes investimentos, por sua vez, estão longe de terem correspondência com a qualidade estrutural e de ensino dessas universidades: Superlotação das salas de aula, bibliotecas desatualizadas, ausência de laboratórios de informática, precária estrutura física, etc.
4. Além desses problemas, as universidades pagas são marcadas por uma profunda inflexibilidade administrativa, onde reitores e diretores mandam e desmandam sem a mínima consulta do corpo estudantil, docente e demais funcionários, alterando horários, demitindo professores ou servidores, aumentam mensalidades e criam taxações financeiras para a burocracia interna, tais como provas de segunda chamada, emissão de documentos comprobatórios, e outros.
5. Assim, ao passo em que explora ao máximo os docentes e demais trabalhadores, desfigura o papel crítico e reflexivo que a educação pode trazer à sociedade e aos locais de estudo, adotando assim, nas universidades pagas, um modelo fabril de ensino, onde a diplomação no final do curso é a única coisa que importa.
6. Apesar de tais necessidades, vários setores do movimento estudantil nada fazem pelos estudantes das pagas, levantando suposições sem base alguma na realidade material, indicando, por exemplo, que “todos” são filhos da classe média que não tiveram capacidade de passar nas públicas, e que não sofrem as contradições sociais vividas “pelo povo”.
7. Quando estes setores fazem algo para o Movimento Estudantil das pagas, é apenas para aplicarem a política que adotam nas universidades públicas: O parlamentarismo estudantil, isto é, usar o ME como “treinamento” ou “plataforma” para serem futuros vereadores, deputados, etc. Outra consequência do parlamentarismo estudantil é a busca por ganhar eleições de Centros e Diretórios Acadêmicos a qualquer custo, onde somente nos períodos de eleição para tais instâncias, seus militantes aparecem, e declaram que vão “defender os estudantes”.
8. Existem duas principais frações do ME que utilizam o parlamentarismo estudantil: A) O Governismo, que recebe esse nome por servir de correia de transmissão das decisões do governo com o movimento estudantil, representado pela UNE/PCdoB-PT, Levante Popular da Juventude/PT-PCdoB, UJS/PCdoB, e outras; B) O Para-governismo, que apesar de ser anti-governista, utiliza as táticas do governismo para um dia ascender ao governo, representado pela ANEL/PSTU, RUA/PSOL, UJR/PCR, e outras.
9. A prática desses grupos é marcada por traições e alianças duvidosas com diversos setores que massacram os estudantes, e por isso, os estudantes das pagas devem ter muito cuidado ao lidar com tais organizações, que só querem eleger seus candidatos usando da luta do povo para isso.
10. Em outro extremo, longe das disputas oportunistas no ME para eleger vereadores, deputados, governadores, senadores e presidentes, estamos nós, da Rede Estudantil Classista e Combativa (RECC). A RECC nasce em 2009, fruto da crítica aos setores governistas e para-governistas, e vem se consolidando nacionalmente desde então, forjando uma nova tradição no movimento estudantil, marcada pelo anti-governismo, o anti-reformismo, o classismo, a democracia de base, a efetiva aliança entre trabalhadores e estudantes, e a ação direta como forma de enfrentamento e modificação da realidade.
11. No Piauí, a RECC está em processo de organização, e atua como Comitê de Propaganda (CP), que tem por função realizar atividades de agitação e propaganda junto ao movimento estudantil, assim como aglutinar em torno de si os mais sinceros e ativos estudantes que desejam agir de forma coletiva, que não compactuam com o governismo, o para-governismo, e desejam construir outra forma de fazer movimento estudantil.
13. Nós, do CP da RECC no Piauí, defendemos que os estudantes são uma fração da classe trabalhadora. E por isso, acreditamos que é fundamental auxiliar e desenvolver a luta dos estudantes das universidades particulares através de coletivos de curso e oposições por local de estudo. Assim, pela via da ação direta e do classismo, os estudantes das pagas conseguirão vitórias e experiências para as lutas futuras, sem traições nem oportunismos.
14. Nós, estudantes, desde o ensino fundamental ao universitário, sofremos em coletivo com o avanço do neoliberalismo e a situação extremamente precária na educação brasileira. Apesar dos pontos em comum, em nossos locais de estudo, possuímos demandas específicas. Indicamos algumas bandeiras de luta pontuais e correspondentes da necessidade imediata dos estudantes universitários das pagas, e que defenderemos de forma intransigente diante de embates com governos e empresas:
- Por assistência estudantil financiada pela própria universidade!
- Pela redução das abusivas mensalidades!
- Pela melhoria qualitativa e estrutural da universidade!
- Pelo fim do autoritarismo administrativo de reitorias e diretorias!
- Pela aliança classista e combativa entre trabalhadores e estudantes, com auto-nomia de partidos, governos, empresas, e construído pela base!
ORGANIZAR A LUTA DO POVO FORA DO OPORTUNISMO!
CONSTRUIR A REDE ESTUDANTIL CLASSISTA E COMBATIVA NO PIAUÍ!
CONSTRUIR A REDE ESTUDANTIL CLASSISTA E COMBATIVA NO PIAUÍ!