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Iniciamos 2016 com uma certeza: As eleições de 2014 não acabaram, assim como as de 2018 já começaram. Vemos nas ruas querelas pela presidência do país. Mas será somente isso? Acreditamos que não. O que está em disputa é, principalmente, os rumos da política econômica brasileira. Mas não se enganem: Não se trata de “socialismo” versus “capitalismo”, mas sim de uma disputa dentro do capitalismo. Concordamos que o país está dividido. Essa divisão, porém, não é de hoje: É uma divisão de classes, e que nada tem com a política burguesa.
A PSICOLOGIA DO TERROR
Para defender seu posicionamento, cada fração política criou sua representação. Os governistas e suas bases (PT, PCdoB, PCO, JPT, LPJ, UJS, UNE, UBES, etc), apoiados pela elite nacional e internacional que vê com bons olhos a política econômica desenvolvida pelo PT desde 2003, acreditam que está em curso um golpe militar, embora que na realidade material, não exista sequer a possibilidade de isso ocorrer. A psicologia do terror governista utiliza-se de um jargão característico, com mensagens “embutidas” para angariar as massas na defesa da governabilidade. Crer que existe uma polarização política (esquerda-direita, socialismo-capitalismo) dentro da democracia burguesa é um erro.
Como expomos anteriormente, existe antes uma disputa intercapitalista. Crer no curso de um golpe militar é fechar os olhos para o mundo real; O governo federal tem a cada dia aumentado as verbas e o poderio armamentista do exército, assim como da Guarda Nacional, provavelmente para conter “opositores”. Crer em um “Estado democrático de direito” é esquecer-se das vítimas da política de expansão do agronegócio no campo e na floresta, é esquecer a ditadura militar nas favelas, é esquecer-se dos nossos companheiros de luta presos ou em processo de julgamento, é esquecer que nós, estudantes, sofremos duros golpes com o corte de verbas para a educação, é esquecer-se da Lei Antiterrorista, promulgada pelo governo Dilma contra os movimentos sociais, do Manual de Garantia da Lei e da Ordem, escrito a duas mãos pelo governo federal e pelo exército; é esquecer-se da Lei Geral da Copa, que garantiu os lucros de empresas estrangeiras e a permissão para dissolver mobilizações populares, e da Agenda Brasil, projeto que pretende avançar e facilitar a expansão do agronegócio, da mineração, das políticas energéticas, etc., contra camponeses, indígenas, ribeirinhos e quilombolas.
Por outro lado, a direita liberal, capitaneada pelo PSDB e apoiada pela elite nacional e internacional que deseja modificar a estrutura do capitalismo brasileiro, pede a renúncia de Dilma, utilizando-se de toda burocracia estatal para isso (a mesma burocracia que é utilizada pelo governo para incriminar e massacrar nossos companheiros e companheiras). Utilizam-se também de mensagens “embutidas”: “Contra a corrupção”, embora seus principais idealizadores estejam afogados na mesma lama onde se encontra o governismo.
Não trataremos de forma mais aprofundada o reformismo (PSOL, PSTU, PCR, etc) e suas bases estudantis (RUA, ANEL, UJR, etc) por terem direta ou indiretamente comprado o discurso governista, em especial o PSOL/RUA e PCR/UJR, compondo juntamente com parte significativa da burocracia estudantil e sindical – UJS, UNE, UBES, CTB, Intersindical, CUT e outros – a “Frente do Povo Sem Medo”, buscando uma “(...) reforma democrática do sistema político(...)” ou, como o PSTU/ANEL, construírem uma possibilidade esquizofrênica de atuação política: Defendem o “Fora todos!”, acreditam que “o poder está nas mãos dos trabalhadores”, mas tendo como proposta central a convocação de novas eleições burguesas.
Da mesma forma, não nos aprofundaremos neste momento no debate sobre a direita conservadora por esta ser incipiente e não possuir capacidade de inserção em ambientes ou organizações populares com o discurso de “intervenção militar” ou “Bolsonaro Presidente”, existindo apenas virtualmente ou em pequenos grupos que só ganham projeção através da psicologia do terror governista.
AS CONSEQUÊNCIAS DA FALSA POLARIZAÇÃO NO M.E.
Existem vantagens e desvantagens visíveis da falsa polarização no M.E. A vantagem, é que as contradições das organizações estudantis ficam visíveis e expostas. A subserviência dos seus programas à tutela dos seus respectivos partidos (reformistas e governistas) fica clara. Clara também é, por consequência, as debilidades e limitações dessas organizações estudantis. O que antes se fazia visível de dois em dois anos, durante o período das eleições burguesas, hoje está escancarado. A burocracia estudantil se importa em arregimentar militantes aos seus partidos e defendê-los, e não em lutar com os estudantes pelos seus interesses. Além disso, em caso de ataques ao governo, o debate retroage, silencia-se ou apoia o governismo. É válido lembrar: Esse posicionamento não é uma traição do programa dessas organizações, mas sim sua efetivação na prática.
A desvantagem é que a psicologia do terror ressuscitou o governismo nas universidades e escolas. A “defesa da democracia” imobilizou as constantes ações estudantis de questionamento do governo, principalmente em relação aos cortes na educação. A histeria coletiva produzida por bombardeios midiáticos de todas as espécies e suas interpretações colocaram a luta estudantil de lado e convenceu grande parte dos estudantes a lutarem pelo governo, embora que de forma camuflada.
NOSSO POSICIONAMENTO
O Comitê de Propaganda da Rede Estudantil Classista e Combativa no Piauí, alinhando-se com as táticas, estratégias, política e programa da Rede, concorda que o campo classista-popular não tem porque defender a “democracia” ou o “Estado democrático de direito”. Entre um governo que aprova lei antiterrorista, encarcera militantes, precariza as condições de trabalho e estudo do povo através de retirada de direitos históricos e cortes bilionários na educação, uma “oposição de direita liberal” de classe média, outra direita, conservadora, que não dialoga com o povo, e uma “terceira via” que busca ascender na burocracia do Estado, preferimos continuar o trabalho de base, aliados de forma indissociável aos interesses das classes trabalhadoras, e combatendo constante e ininterruptamente os avanços da precarização do ensino no Brasil, desde o sucateamento das Universidades, até a implantação das Organizações Sociais (OSs) na educação pública municipal e estadual.
Convidamos ainda os companheiros e companheiras no Piauí, que partilham deste mesmo posicionamento, a entrarem em contato com nosso Comitê de Propaganda para somarmos forças no combate à reação, ao governismo e ao reformismo no movimento estudantil, fazendo dele, novamente, uma poderosa ferramenta de defesa e construção de direitos para nós, estudantes do povo.
CONTRA A FALSA POLARIZAÇÃO, LUTA POPULAR E ORGANIZAÇÃO!
CONSTRUIR A REDE ESTUDANTIL CLASSISTA E COMBATIVA NO PIAUÍ!